O MAL
Síntese: O mal é não obedecer à
vontade de Deus.
Comentário 1:
Deus é
amor, e o amor é aproximação com respeito, renúncia e desprendimento. Mas o
homem precisa ser diferente do outro para se afirmar como indivíduo, por isso
ele faz sua vontade sem pensar no outro, tornando-se egoísta. O mal é uma
questão de relacionamento, e torna difícil a prática do amor. As diferenças
existem por causa do mal, e esta é uma lei social. Mas Deus colocou no homem a
lei moral que o ajuda usar sua individualidade para o bem.
O
homem natural tem um pensamento crítico, negativo. Julga, fala mal, e é contra
tudo. Só ele sabe o que é certo. Só ele tem razão. Os comentaristas na mídia são
bons exemplos, e são hábeis divulgadores deste espírito. Falar mal é moda. Parece
que o crítico é mais inteligente e sábio. Mas isto é inteligência negativa e
conhecimento do mal, que é mau para a sociedade, e divulga a ignorância
(trevas). Mesmo assim o homem prefere o mal, embora necessite se ligar ao bem,
conhecer Deus e amá-Lo. A religião ensina a inteligência positiva e a sabedoria.
Que manda ter o espírito do bem, se esforçar para entender o outro, e ver o
lado bom das coisas. Ensina que este espírito vem de Deus, porque ele é amor,
compreensão e virtude. Ensina que devemos controlar a nossa maldade. Por isso
Deus deu sua lei. Ela serve de base para a boa educação, para as leis civis e a
religião. Se o mal cresce sem limites o homem se torna irracional, e passa a
viver em trevas, no inferno, morto espiritualmente (para o bem). Não terá paz,
nem alegria. Não respeitará ninguém, e todos serão alvos da sua maldade.
Antecipará a morte física, pois espiritualmente já está morto.
Concluindo: o mal é ensinado como
cultura, e faz parte da formação do homem.
Quando
se diz que o mal vem do homem, ele se assusta, e ele nega ser mau. Diz que o
mal é um poder externo, um inimigo que o tenta e o persegue, o demônio. O homem
dissimula, porque não admite estar errado, e ser mau.
O mal não é o poder de um ser maligno
agindo no universo em oposição ao bem, é um poder maligno do homem, que vem do
egoísmo, malandragem, desrespeito, esperteza, competição, trapaça, de querer
ser melhor que o outro, e dominá-lo. É cultura aprendida dos pais e no grupo
social. Várias pessoas agindo assim formam o reino do mal. Sem o homem não
existiria o mal. Melhor ainda, se cada um renunciar ao seu mal, e aderir ao
bem, o espírito do bem governaria o mundo, e se teria o Reino de Deus. O perdão
deve ser o princípio e o objeto da religião, porque ele leva à renúncia. O
cristianismo é assim. Vamos aguardar o dia em que a maioria renunciar, pois ele
virá. Até lá esforcemo-nos para vencer o mal que há em nós, com a ajuda de
Deus. É uma guerra espiritual, interior, mas se lembre: é preferível sofrer a
maldade que ser o malfeitor. Deve-se dar a face à tapa 70 vezes 7 vezes. Por
isso procure conhecer o bem, e vigie, pois o mal é cultura do homem.
Comentário 2:
A política é a essência (espírito) do mal
O homem é mau por natureza. A questão se agrava quando ele opta por uma vida
sem Deus. Ele se apega ao direito, e faz dele o seu deus, porque o direito é o
caminho mais fácil, é fuga do dever e da responsabilidade. A pessoa apegada ao
direito e ao desejo de poder, volta-se para a política. Quando político ativo é
populista, e diz está ao lado da população pobre. Faz tudo para ela permanecer
ignorante, pois ela o manterá no poder.
Por isso a solução dos problemas do
homem não está na política. Ela está na religião, que ensina a transformação
individual (de cada um). Só pessoas transformadas de más em quase boas, são
capazes do bem comum, são cidadãs autênticas. Cidadão é a pessoa comprometida
com o bem da nação. Quanto ao regime e ideologia pouco valor tem à cidadania,
pois há regimes liberais, autoritários e monárquicos voltados ao bem comum,
enquanto governos populistas são maus, e levam à desordem e guerra.
A
democracia só existe onde há liberdade de escolher dentro dos limites do bem
comum, porque a verdadeira democracia traz a liberdade. Se faltar um destes
fatores (liberdade ou bem comum) não há democracia, mas autoritarismo ou
demagogia. A religião (não a igreja) é a maior das ciências, nela a liberdade
de escolha é fundamental e o bem comum é sinal de conversão. A conversão é
mudar de atitude voluntariamente, deixando o egoísmo para fazer ao próximo o
que quer para si.
DUALISMO E
GNOSE
Síntese: O dualismo e o ocultismo
são visões da realidade.
Comentário 1:
Conceitos básicos e história.
Dualismo é a análise da aparência sob o aspecto de dois poderes opostos:
a favor e contra. Exemplos: o bem e o mal, dia e noite, luz e treva, amor e
ódio, bem e mal, público e privado, direito e dever, certo e errado, alto e
baixo, tese e antítese, vida e morte.
Ocultismo é a análise do que está à vista para descobrir seu significado
oculto. Ele se apresenta na prática como adivinhação, tarô, cartomancia,
horóscopo, numerologia, magia, mágica, curas, sonhos, encantamentos,
esoterismo, cabala, sensitividade, para normalidade, anjos, gnomos, fadas,
gênios. São ensinamentos politeístas da antiga Assíria e Caldeia, que creem em
várias forças espirituais, planetas de vida e ciclos de encarnações.
Gnose
é o conhecimento espiritual, e se tornou o estudo dos ensinamentos ocultos
ligados ao judaísmo no tempo de Jesus.
O
monoteísmo ensina uma força espiritual única que é Deus, que governa o homem
pela moral (lei) e justiça. O mal é algo que passou a fazer parte do homem pela
desobediência de Adão.
Moral é
a capacidade de avaliar se algo é certo ou errado, puro ou impuro, pode ou não
pode. Na avaliação moral, Deus é o fiel da balança, é a justiça, o certo e o perfeito.
Isto só é possível no monoteísmo onde Deus é absoluto. No politeísmo há deuses
para todos os gostos, e o homem escolhe o deus que o atende, e nele há o relativismo, pois a moral não
é única.
O
dualismo esotérico surgiu entre os judeus cativos na Babilônia. Os babilônicos
diziam que Javé, o deus judeu, era mau, porque tinha um juízo moral (único), e
só sabia castigar, enquanto os deuses deles eram mais prestativos. A partir disso
os judeus da Babilônia diziam que Deus Javé não era o Deus verdadeiro, mas um
anjo rebelde (Satã), que criou o homem com natureza impura. Este anjo queria
permanecer na matéria, e não retornou aos céus. Mais tarde revelou o pecado aos
judeus através das leis (de Moisés). A partir do exílio na Babilônia não houve
mais profetas em Israel até João Batista, e Jesus (quase 500 anos). Os mestres
religiosos (fariseus) passaram a ensinar esta tradição (Cabala) que existe até
os dias de hoje. Os escribas disfarçavam colocando nas escrituras a palavra
Senhor (Adonai) no lugar do nome JHWH (Javé), e também adicionaram às
escrituras: os anjos, Satã e ressurreição dos mortos. Até hoje algumas Bíblias
traduzem SENHOR ao invés de Javé. Mais tarde alguns cristãos fundiram as
palavras Javé e Adonai resultando o nome Jeová.
Os
saduceus eram descendentes dos judeus que não foram exilados, e mantiveram sua
religião pura. Diziam-se seguidores dos ensinamentos de Sadoc, filho de Eleazar
e neto de Aarão 1Cr24,3, que organizou o judaísmo, e foi sumo sacerdote no
tempo de Davi e Salomão ( 2Sm8,17 e 1Rs4,4 ). Seu filho Azarias participou da
reorganização do judaísmo no tempo do Rei Ezequias (2Cr31,10), e Esdras seu
descendente, participou da reconstrução do templo e do culto após o exílio
(Es7,1). Os saduceus não aceitavam os ensinamentos dos fariseus sobre a
ressurreição dos mortos. No tempo de Jesus surgiu um movimento popular que se
chamou gnose que Interpretava os ensinamentos de Jesus na forma ocultista
(esotérica). Estes ensinamentos hoje são apócrifos. Encontramos conceitos
gnósticos nos evangelhos, tal como: anjo, diabo, demônio, Javé era anjo, reis
magos, Jesus filho de virgem, Espírito Santo em forma de pomba, Logos, luz e
trevas, transfiguração e ascensão de Jesus. No apocalipse os animais exóticos,
serpentes e dragões inteligentes, brigas no céu, queda dos anjos. Uso da
linguagem dos pagãos para lhes falar de Jesus. Hoje os ensinamentos ocultos
estão disseminados na igreja ‘meio’ religiosa, a igreja morna do Apocalipse. Durante
o estudo bíblico deve se entender a Bíblia no sistema monoteísta (sem se esquecer
de que Deus é soberano e único). Precisa-se estar atento para não divulgar
doutrinas politeístas no meio cristão, e se possível evitá-las.
Por
exemplo:
O
gnóstico dizia que Deus criou o homem perfeito à sua imagem e semelhança, mas a
perfeição era inerte e imutável, e o homem não podia evoluir. Ele só tinha o corpo
imortal, porque a alma sem vontade era morta. O anjo Satã representava a
sabedoria e sua luz, abriu os olhos do homem, dando-lhe o fruto da árvore do
conhecimento, e a imortalidade da alma. Assim Satã se tornou o pai espiritual e
salvador do homem. Observe que a história mudou desde a Babilônia até os
gnósticos (500 anos), e que há muitas correntes esotéricas conflitantes.
Criticando
os gnósticos. A Bíblia diz que o homem foi criado perfeito, e a perfeição não
necessita de mudanças, pois já é perfeita. O homem perfeito não teria desejos
do mal, mas desejos das virtudes, de saborear os frutos do Espírito (da árvore
da vida), que são: caridade, alegria, paciência, paz, bondade, fidelidade, afabilidade,
temperança. A prova de que Adão tinha vontade, é que ele poderia escolher comer
qualquer fruto, mas ele preferiu desobedecer, e comer o fruto proibido. Os
gnósticos diziam que a sabedoria de Satã era divina, mas ela é sabedoria
terrena, aquela que procura se satisfazer.
Pelos
anos 150, os cristãos autênticos juntaram os livros escritos sob supervisão dos
apóstolos e fizeram a Bíblia. Desprezaram os livros gnósticos, pois os
consideravam apócrifos. Mais tarde parte destes ensinamentos foi introduzida na
tradição católica pelos pais da igreja. Que fique bem claro, introduzida na crença
católica, não na Bíblia.
Por
exemplo: na tradução da Bíblia do grego para o Latim (ano 385), Satã passou a
ser chamado Lúcifer, o anjo caído dos gnósticos. A palavra Lúcifer significa
portador da luz, da imortalidade espiritual (imortalidade da alma), iluminação
intelectual, liberdade de pensamento e livre arbítrio, que são as verdadeiras
causas do pecado do homem. Os gnósticos diziam que a serpente abriu os olhos de
Eva com um raio de luz de sabedoria, então a serpente foi chamada Lúcifer
(portador da luz).
Hoje
há muitas heresias. Entre elas destaco: expulsão de demônios (que é apologia a
eles), curas e milagres (que são mágicas), a prosperidade (o deus mamom),
teologia da libertação (que é ideologia).
Eis alguns ensinamentos gnósticos
e pagãos absorvidos pela igreja:
1- A sabedoria divina gera o
Logos divino. Em oposição, a sabedoria do mundo gera o logos terreno. Hoje
temos Deus (Javé?) e Satanás seu inimigo.
2- O homem passa pelos estágios
ser divino, anjo, homem-anjo e enfim homem. Hoje temos o culto aos anjos.
3- O homem-anjo era hermafrodita (Adão Cadmon).
Separou-se em homem (Adão) e mulher (Eva). , Foi a queda do homem que deixou de ser anjo. O ato
sexual foi considerado o pecado original.
4- O homem no estado de ‘fogo’,
se purifica, deixa de ser mau e passa a ser bom. Daí a origem do purgatório.
5- O homem ‘evolui’. Começa como
espírito puro, vai perdendo a pureza, e descendo a ronda espiritual de
encarnações até se tornar anjo e depois homem. Quando o homem morre começa a processo
inverso subindo até a perfeição. Para isso ocorrer a alma precisa ser imortal.
Comentário 2:
Os três caminhos.
O
homem pode analisar as coisas nos planos horizontal ou vertical. Os dois
caminhos. O plano horizontal é o chão, e não se eleva; é o mundo real, a
realidade que muda a todo instante, a ilusão. Nele está o homem realista, que
percebe tudo de forma dual (corpo e espírito, amor e ódio, vida e morte, céu e
inferno, bem e mal). Mas a realidade incapacita de entender a verdade. O plano
vertical eleva do chão ao alto onde está a verdade eterna e imutável. A verdade
é que só há um único ser poderoso que é Deus, e Ele é Bem.
Os
dois caminhos estão disponíveis para todos. Um é o do bem ou da verdade, outro
é do mal ou da realidade. Um é objeto (substância), e o outro é imagem (falso).
Um é estreito, e só passa um por vez, aquele que decide mudar suas atitudes
(converte-se). Abandona as aparências, a ilusão e sua vontade, e procura a
vontade de Deus. O outro é largo, serve de passagem para muitos que caminham
iludidos pelas aparências, por sua vontade, e ignoram a vontade de Deus. O
homem natural segue o caminho largo e agitado. O homem é livre, e pode escolher
o bem ou o mal, pode se desviar (converter) para o caminho estreito. De fato
ele só pode optar pelo bem, pois o natural já é o mal.
No
plano horizontal ou realidade, o mal é o oposto do bem. O bem do plano
horizontal é o bem do mundo, da realidade, que não é o bem verdadeiro. Então
existem dois bens: o verdadeiro e o falso, portanto, três caminhos, que são: o
mal, o bem falso que também é mal, e o bem verdadeiro. O bem verdadeiro só existe
no plano vertical, que é a verdade, e nele não há mal. Deus possui a verdade,
então quando se coloca o mal em oposição a Deus está se exaltando o mal (tirando-o
do plano horizontal), e fazendo-o um deus. Isto é uma heresia, pois Deus é
único, sem igual, e não há dois deuses.
Comentário 3:
O erro do dualismo.
O dualismo é o pensamento
típico do homem, que só admite o bem e o mal, e isto faz existir dois deuses. O
monoteísmo admite uma terceira opção que é o perdão, que transforma o mal em
bem, porque só o bem é substância. O homem natural não aceita perder, mas o homem
transformado (monoteísta) admite o acordo, a derrota e o perdão, o que resulta
em boas relações com todos e salvação nos conflitos. O bem e o mal lutam dentro
de cada um, e precisa-se aprender a perdoar para adquirir a salvação. Todo
conflito tem um juiz, um campo neutro, e a pessoa que adquire a salvação passa
a ser este juiz de conflitos, e estará em campo neutro. Cada tipo de conflito seja material (financeiro, trabalho, família, relações sociais), ou espiritual (equilíbrio, sobriedade, segurança, maturidade) exige uma salvação própria, que
leva às virtudes, em especial à humildade e à simplicidade.
Comentário 4:
Toda esta confusão de ensinamentos se resume numa só causa: Deus fez o
homem perfeito com inteligência máxima (toda no bem, nada de mal), mas ele
provou o fruto do conhecimento desconhecido ‘o mal’, e se contaminou. Daí o mal
se espalhou, e contaminou todo seu comportamento. Cada virtude o homem transformou num vício. Vive o dualismo, do mal que tem e do bem que não alcança.
Assim vê o mundo, e acha que é certo. Mas o que a Bíblia ensina é que o homem
deve renunciar às suas ideias para purificar seu pensamento, e passar a ver o
mundo com olhar único, em um único Deus, que tudo fez, e tudo governa com
justiça e bondade.
DEMÔNIO, DIABO,
SATANÁS, LÚCIFER, TENTAÇÃO.
Síntese: Demônio e satanás
significam: enganador e mentiroso, ou seja: milagreiro, curador, mágico, gênio
e pecador.
Comentário 1:
Definições.
a- DEMÔNIO. Antigamente se acreditava
que cada pessoa tinha um anjo pessoal que atendia seus pedidos bons ou maus.
Para os gregos era um demônio, como um anjo. Para os mesopotâmicos, um gênio,
como o da lâmpada do Aladim. Na Idade Média a tradição católica transformou o
lado bom do antigo demônio em anjo da guarda, e o lado mal continuou como
demônio.
b- DEMÔNIO é grego, DIABO é
latim, SATANÁS é hebraico - Significam mentiroso, opositor, caluniador,
acusador, enganador. O Salmo 109 diz: ‘Suscitai contra ele um ímpio, levanta-se
à sua direita um acusador’. Pode-se perceber claramente o sentido de acusador
neste salmo, pois naquele tempo, perante o juiz compareciam o réu, o acusador e
o defensor (paráclito). Mais tarde, na Bíblia o acusador foi personalizado como
satanás, e o defensor como o Espírito Santo.
c- LÚCIFER significa brilhante,
portador da luz ou também estrela da manhã. Há um ensinamento apócrifo do anjo
desobediente que fez uma rebelião no céu. Foi deposto de suas funções, lançado
na terra, e com ele veio o pecado. E o anjo passou a ser o demônio. Mas esta
estória não está na Bíblia. Encontramos respingos dela em Gênese (Gn6), e em
Apocalipse (12,7). Este último fala da queda dos anjos, no tempo do nascimento
de Jesus, e não na criação do homem, como diz o mito. Também há respingos nas
cartas Jd6 e 2Pd2,4, em Is14,12 e Ez28.11, que foi o apelido dado aos reis da
Babilônia e de Tiro, por causa de sua tirania contra os hebreus. O titulo
estrela da manhã (Lúcifer) também é dado a Jesus em Ap2,28 e Ap22,16.
d- TENTADOR, é a personalização
da tentação, da vontade do homem, da concupiscência (perda da graça). Ele faz o
homem se iludir, se enganar, pecar, conforme diz na carta Tiago (Tg1,14): ‘Cada
um é tentado pela sua própria concupiscência, que o atrai e alicia. A
concupiscência depois de conceber, dá à luz o pecado, que uma vez consumado,
gera a morte’. Após o batismo Jesus foi tentado, mas não deixou se enganar por
sua vontade, e não perdeu a graça. Venceu sua vontade, tirou-a de sua vida, e
no lugar dela ficou a ‘vontade de Deus’, o Espírito Santo. O homem vencerá sua
vontade se resisti-la por três vezes como fez Jesus. Quero lembrar que não há
vontade boa no homem, ele pode achar que é boa (porque todo mundo se acha bom),
mas não é.
Comentário 2:
A Bíblia ensina.
A palavra
satã ou satanás só aparece no AT depois que os judeus viveram na Babilônia. Na
citação de 2Sm24,1 escrita antes do cativeiro, e 1Cr21,1 escrita durante o
cativeiro, ‘a cólera de Javé’ passou a ser ‘Satã’.
O
livro de Henoc, apócrifo escrito no cativeiro, detalha a corrupção do homem de
Gn6. Explica que Deus criou o homem bom, mas alguns anjos quiseram deixar de
ser anjos, se casaram com mulheres humanas, e ensinaram seus filhos a pecar.
Estes anjos seriam os responsáveis pela introdução do pecado no mundo. Eles são
os anjos caídos, cujo chefe era Javé, um anjo mau (depois chamado Satã depois
Lúcifer). Foi por causa da influência Babilônica que os judeus dividiram Javé,
e passaram a chamar a bondade de Javé de Senhor, e a justiça de Javé de Satã. Com
o tempo Satã passou a ser Satanás, e nos tempos de Roma, Lúcifer. O satanismo
gnóstico diz que os anjos caídos foram bons para os homens, pois lhes ensinou a
ver o mundo com olhar crítico, e se tornaram sábios (para o mundo). A serpente
no paraíso trouxe a luz para Adão (daí o nome Lúcifer), e o libertou do
paraíso, pois a perfeição era morta e sem vontade. Diziam que Javé era Satã, e
quem adorava Javé, de fato, adorava Satã.
Esta
interpretação de Henoc é falsa, porque na Bíblia, depois do pecado houve o
dilúvio, e acabou a corrupção dos anjos e seus descendentes, só a família de
Noé foi salva, mas o pecado de Adão continuou no homem.
O
sentido da palavra demônio na época de Jesus, não era o mesmo da atual. Veja. Jesus
fazia milagres, curas e expulsava demônios. Por que demônios no plural? Porque
não existe um ser ‘demônio’ como se ensina hoje, e demônios são os pecados que
pesam na consciência, e se voltam contra a pessoa, seus demônios (no conceito
grego). Por isso Jesus expulsava demônios, ou perdoava os pecados ou curava, o
que significa a mesma coisa.
Há
muitos demônios ou formas de se enganar, iludir, errar, pecar, seguindo a
vontade própria (o demônio grego), e só há uma forma de acertar, que é fazer a
vontade de Deus.
O
melhor texto bíblico sobre demônio ou satanás está em Rm7,7, que diz:
‘Que diremos, então? Que a lei é pecado? De modo algum. Mas eu não conheci o pecado senão pela lei. Porque não teria ideia da concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás. Foi o pecado, portanto, que, aproveitando da ocasião que lhe foi dada pelo preceito excitou em mim todas as concupiscências; porque, sem a lei o pecado estava morto’.
‘Que diremos, então? Que a lei é pecado? De modo algum. Mas eu não conheci o pecado senão pela lei. Porque não teria ideia da concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás. Foi o pecado, portanto, que, aproveitando da ocasião que lhe foi dada pelo preceito excitou em mim todas as concupiscências; porque, sem a lei o pecado estava morto’.
No verso11. ‘O pecado,
aproveitando-se da ocasião do mandamento, seduziu-me, e por ele me levou à
morte’.
No verso 15. ‘Não entendo
absolutamente o que faço, pois não faço o que quero; faço o que aborreço. E se
faço o que não quero, reconheço que a lei é boa. Mas então não sou eu que faço,
mas o pecado que em mim habita. Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não
habita o bem, porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de
efetuá-lo. Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero. Ora, se faço o
que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que em mim habita.
Encontro em mim esta lei: quando quero fazer o bem, o que se me depara é o mal.
Deleito-me na lei de Deus, no íntimo do meu ser. Sinto, porém, nos meus membros
outra lei, que luta contra a lei do meu espírito e me prende à lei do pecado, que
está em meus membros’.
Em Rm3,9 temos a definição do que
é o pecado.
‘Pois já demonstramos que judeus
e gregos estão sob o domínio do pecado, como está escrito: Não há nenhum justo,
não há sequer um. Não há um só que tenha inteligência, um só que busque a Deus.
Extraviaram-se todos e todos se perverteram. Não há quem faça o bem, não há
sequer um’.
O
homem (através da igreja) não quer esta teologia, porque se acha bom. Coloca a
culpa no demônio pagão, mas culpa-lo por nossos erros é heresia, porque faz o
demônio ser o salvador, e não Jesus. Jesus assumiu nossos erros, e não os erros
do demônio.
Comentário 3:
O demônio hoje.
Hoje
podemos dizer que o demônio é o stress, a ansiedade, que domina o homem atual.
Sua agitação é grande. A pressa e vontade de fazer as coisas geram ansiedade e
stress, as quais bloqueiam o raciocínio e a razão. Agitação, ansiedade e emoção
fazem o homem agir por impulso, e quando ele se acalma é que percebe o erro que
cometeu.
Mas
assim é a vida. Quando eu era criança, no dia de prova no colégio, eu parecia tranquilo,
mas fazia a prova rapidamente, e logo a entregava ao professor. No pátio eu relaxava
então me lembrava dos erros que cometi. Mais tarde, continuei a fazer provas
rápidas, mas conferia as respostas para depois entregá-la. Na antiguidade tanto
o sol, quanto a chuva davam stress, porque o sol matava a plantação, e teriam
fome. Com a chuva tinha a colheita, que atraía os ladrões. Não tinha saída!
Então
o homem deve sair do instinto, do emocional, e se acalmar para seguir o
racional. Seguir o que é inteligente e melhor para a comunidade, isto é
sabedoria. Deve tirar sua vontade e seu desejo do foco, e procurar
concentrar-se em Deus para saber qual é a vontade dele. Dar tempo para as
‘demoras’ de Deus, pois elas são úteis e cheias de razão.
Finalmente,
achar que demônio é um ‘ser’, uma pessoa, um espírito único, um deus, é um erro.
Por isso temos as heresias atuais. O demônio não existe, o que existe é o
egoísmo, a vontade, o desejo e o stress do homem, que pode ser chamado de demônio.
Comentário 4:
Jesus, os magos e Salomão.
Logo
que Jesus nasceu, recebeu a visita dos três magos, que lhe deram presentes dos
seus tesouros (Mt2). Quando adulto Jesus foi se batizar no Rio Jordão (Mt3,13),
e dali foi para o deserto onde foi tentado três vezes pelo demônio (Mt4).
O que
isto significa?
Os
magos eram sábios em magia. Foram visitar Jesus, pois sabiam que ele era
especial. Os magos representam o mundo, o paganismo, a tradição, o secularismo.
Os presentes representam as ofertas do mundo. Os pais de Jesus aceitaram os
presentes do mundo, e estes se tornaram pecados para Jesus. O pecado dos
costumes e tradições do mundo vindo pelos pais. No momento certo Jesus foi
batizado, e foi testado nestes mesmos pecados. O ouro representa a riqueza e a tentação
de transformar pedra em pão. O incenso, a glória do mundo, e a tentação de ter
todos os reinos do mundo. A mirra, o poder do mundo, e a tentação de se lançar
no abismo e não morrer, porque seria acolhido pelos anjos. Da primeira vez seus
pais receberam os pecados em forma de presentes, o que significa que Jesus
recebeu o pecado pelos seus pais, mas no deserto ele não os aceitou, e se
desligou deles.
Caso
parecido ocorreu com Salomão (1Rs3,4), que pediu a Deus um coração sábio, capaz
de discernir entre o bem e o mal para julgar o povo. Deus gostou do pedido e
lhe disse: ‘não me pediu longa vida, nem riqueza, nem a morte dos inimigos, mas
pediu a inteligência para praticar a justiça. Por isso te darei um coração
sábio e inteligente, e mais a riqueza, a glória e longa vida, que não me
pediu’. Este texto é para mostrar que a palavra demônio significava o mal e o
pecado, e não uma pessoa. Nos evangelhos, na maioria das vezes, Jesus expulsava
‘demônios’ (no plural), porque o que Jesus fazia era exorcizar a pessoas de
seus pecados e de sua maldade, nada externo a ela, ao contrário, algo
pertencente a ela lhe era tirado (sua vontade).
INFERNO
Síntese:
1- O inferno não existe porque
não foi criado por Deus.
2- O fogo eterno que queima, mas
não consome, é a vontade.
Comentário:
Nos
dias de criação Deus não criou o inferno, então ele não pode existir, pois não
foi criado. A Bíblia fala de inferno se referindo a um lugar de sofrimento, o
que significa que quem escolhe viver para o mundo, terá uma vida infernal. Por
isso dizem: Minha vida é um inferno! Estou vivendo num inferno! Minha sogra me
inferniza!
O fogo
é o símbolo do inferno, e se refere à vontade do homem. O desejo incomoda o homem
até que ele o realiza, mas não satisfaz, e volta a incomodar. Quando está longe
deseja ardentemente, e quando está perto despreza. Quando não tem quer, e
quando alcança não quer mais. Porque o fruto proibido é mais saboroso. Mas este
ciclo de desejo, realização e insatisfação, causa um sofrimento ‘infernal’,
depressão, falta de sossego e falta de paz. É um fogo que não ilumina, mas traz
sombras. É um fogo que queima, e não consome. Mas a pessoa pode se livrar dele
se resisti-lo por três vezes seguidas, como Jesus fez.
Na
Bíblia, o fogo também é o símbolo do Espírito de Deus, que incomoda para o bem,
consola, satisfaz, traz luz, compreensão, alegria e paz.
CONCLUSÃO
Síntese:
Se você quer deixar o mal, assuma-se mau (pecador).
Comentário:
Se após
sua caminhada estudando e praticando os ensinamentos é chegada a hora de vencer
o mal, a hora do seu Armagedom, sua batalha final.
O primeiro passo é assumir-se pecador, mau. Jesus disse que
só Deus é bom, então nada de se achar bonzinho, nem culpar o demônio pelos seus erros,
pois o culpado de seus erros é você, que aceita as influências do mundo, da
mídia, da moda, quer ser rico, bonito, o mais forte, o melhor no que diz a
mídia, e se endeusa de vaidade. Tudo que o homem faz na Terra é vaidade, é mal,
inclusive servir na igreja, prestar serviço aos necessitados, porque faz interessado em ir para o céu depois da morte. O amor é fazer as coisas sem interesse. Na vida pública
de Jesus, ele ia ao templo e à sinagoga para ensinar aos religiosos da época. O serviço a Deus (a oração) ele fazia no campo, e nos manda fazer no quarto de dormir. Ele só
curava (ou perdoava pecados, ou expulsava demônios) daqueles que o procurava.
Ele não ia ao retiro dos leprosos, nem nas fontes milagrosas para curar os
doentes, e eles eram muitos. Como diz a Bíblia, Elias curou Naamã, um pagão,
enquanto havia muitos israelitas leprosos. O serviço na igreja e aos
necessitados serve para quem precisa crescer, mas para muitos chegou a hora de acabar
com o mal em si e viver em espírito como Jesus vivia.
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