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03 novembro 2011

cap 7: O mal

O MAL

Síntese: O mal é não obedecer à vontade de Deus.

Comentário 1:
       Deus é amor, e o amor é aproximação com respeito, renúncia e desprendimento. Mas o homem precisa ser diferente do outro para se afirmar como indivíduo, por isso ele faz sua vontade sem pensar no outro, tornando-se egoísta. O mal é uma questão de relacionamento, e torna difícil a prática do amor. As diferenças existem por causa do mal, e esta é uma lei social. Mas Deus colocou no homem a lei moral que o ajuda usar sua individualidade para o bem.
       O homem natural tem um pensamento crítico, negativo. Julga, fala mal, e é contra tudo. Só ele sabe o que é certo. Só ele tem razão. Os comentaristas na mídia são bons exemplos, e são hábeis divulgadores deste espírito. Falar mal é moda. Parece que o crítico é mais inteligente e sábio. Mas isto é inteligência negativa e conhecimento do mal, que é mau para a sociedade, e divulga a ignorância (trevas). Mesmo assim o homem prefere o mal, embora necessite se ligar ao bem, conhecer Deus e amá-Lo. A religião ensina a inteligência positiva e a sabedoria. Que manda ter o espírito do bem, se esforçar para entender o outro, e ver o lado bom das coisas. Ensina que este espírito vem de Deus, porque ele é amor, compreensão e virtude. Ensina que devemos controlar a nossa maldade. Por isso Deus deu sua lei. Ela serve de base para a boa educação, para as leis civis e a religião. Se o mal cresce sem limites o homem se torna irracional, e passa a viver em trevas, no inferno, morto espiritualmente (para o bem). Não terá paz, nem alegria. Não respeitará ninguém, e todos serão alvos da sua maldade. Antecipará a morte física, pois espiritualmente já está morto.
         Concluindo: o mal é ensinado como cultura, e faz parte da formação do homem.
       Quando se diz que o mal vem do homem, ele se assusta, e ele nega ser mau. Diz que o mal é um poder externo, um inimigo que o tenta e o persegue, o demônio. O homem dissimula, porque não admite estar errado, e ser mau.
         O mal não é o poder de um ser maligno agindo no universo em oposição ao bem, é um poder maligno do homem, que vem do egoísmo, malandragem, desrespeito, esperteza, competição, trapaça, de querer ser melhor que o outro, e dominá-lo. É cultura aprendida dos pais e no grupo social. Várias pessoas agindo assim formam o reino do mal. Sem o homem não existiria o mal. Melhor ainda, se cada um renunciar ao seu mal, e aderir ao bem, o espírito do bem governaria o mundo, e se teria o Reino de Deus. O perdão deve ser o princípio e o objeto da religião, porque ele leva à renúncia. O cristianismo é assim. Vamos aguardar o dia em que a maioria renunciar, pois ele virá. Até lá esforcemo-nos para vencer o mal que há em nós, com a ajuda de Deus. É uma guerra espiritual, interior, mas se lembre: é preferível sofrer a maldade que ser o malfeitor. Deve-se dar a face à tapa 70 vezes 7 vezes. Por isso procure conhecer o bem, e vigie, pois o mal é cultura do homem.

Comentário 2:
         A política é a essência (espírito) do mal
        O homem é mau por natureza. A questão se agrava quando ele opta por uma vida sem Deus. Ele se apega ao direito, e faz dele o seu deus, porque o direito é o caminho mais fácil, é fuga do dever e da responsabilidade. A pessoa apegada ao direito e ao desejo de poder, volta-se para a política. Quando político ativo é populista, e diz está ao lado da população pobre. Faz tudo para ela permanecer ignorante, pois ela o manterá no poder.
           Por isso a solução dos problemas do homem não está na política. Ela está na religião, que ensina a transformação individual (de cada um). Só pessoas transformadas de más em quase boas, são capazes do bem comum, são cidadãs autênticas. Cidadão é a pessoa comprometida com o bem da nação. Quanto ao regime e ideologia pouco valor tem à cidadania, pois há regimes liberais, autoritários e monárquicos voltados ao bem comum, enquanto governos populistas são maus, e levam à desordem e guerra.
       A democracia só existe onde há liberdade de escolher dentro dos limites do bem comum, porque a verdadeira democracia traz a liberdade. Se faltar um destes fatores (liberdade ou bem comum) não há democracia, mas autoritarismo ou demagogia. A religião (não a igreja) é a maior das ciências, nela a liberdade de escolha é fundamental e o bem comum é sinal de conversão. A conversão é mudar de atitude voluntariamente, deixando o egoísmo para fazer ao próximo o que quer para si.


DUALISMO E GNOSE

Síntese: O dualismo e o ocultismo são visões da realidade.

Comentário 1:
Conceitos básicos e história.
       Dualismo é a análise da aparência sob o aspecto de dois poderes opostos: a favor e contra. Exemplos: o bem e o mal, dia e noite, luz e treva, amor e ódio, bem e mal, público e privado, direito e dever, certo e errado, alto e baixo, tese e antítese, vida e morte.
       Ocultismo é a análise do que está à vista para descobrir seu significado oculto. Ele se apresenta na prática como adivinhação, tarô, cartomancia, horóscopo, numerologia, magia, mágica, curas, sonhos, encantamentos, esoterismo, cabala, sensitividade, para normalidade, anjos, gnomos, fadas, gênios. São ensinamentos politeístas da antiga Assíria e Caldeia, que creem em várias forças espirituais, planetas de vida e ciclos de encarnações.
       Gnose é o conhecimento espiritual, e se tornou o estudo dos ensinamentos ocultos ligados ao judaísmo no tempo de Jesus.
       O monoteísmo ensina uma força espiritual única que é Deus, que governa o homem pela moral (lei) e justiça. O mal é algo que passou a fazer parte do homem pela desobediência de Adão.
       Moral é a capacidade de avaliar se algo é certo ou errado, puro ou impuro, pode ou não pode. Na avaliação moral, Deus é o fiel da balança, é a justiça, o certo e o perfeito. Isto só é possível no monoteísmo onde Deus é absoluto. No politeísmo há deuses para todos os gostos, e o homem escolhe o deus que o atende, e nele há o relativismo, pois a moral não é única.
       O dualismo esotérico surgiu entre os judeus cativos na Babilônia. Os babilônicos diziam que Javé, o deus judeu, era mau, porque tinha um juízo moral (único), e só sabia castigar, enquanto os deuses deles eram mais prestativos. A partir disso os judeus da Babilônia diziam que Deus Javé não era o Deus verdadeiro, mas um anjo rebelde (Satã), que criou o homem com natureza impura. Este anjo queria permanecer na matéria, e não retornou aos céus. Mais tarde revelou o pecado aos judeus através das leis (de Moisés). A partir do exílio na Babilônia não houve mais profetas em Israel até João Batista, e Jesus (quase 500 anos). Os mestres religiosos (fariseus) passaram a ensinar esta tradição (Cabala) que existe até os dias de hoje. Os escribas disfarçavam colocando nas escrituras a palavra Senhor (Adonai) no lugar do nome JHWH (Javé), e também adicionaram às escrituras: os anjos, Satã e ressurreição dos mortos. Até hoje algumas Bíblias traduzem SENHOR ao invés de Javé. Mais tarde alguns cristãos fundiram as palavras Javé e Adonai resultando o nome Jeová.
       Os saduceus eram descendentes dos judeus que não foram exilados, e mantiveram sua religião pura. Diziam-se seguidores dos ensinamentos de Sadoc, filho de Eleazar e neto de Aarão 1Cr24,3, que organizou o judaísmo, e foi sumo sacerdote no tempo de Davi e Salomão ( 2Sm8,17 e 1Rs4,4 ). Seu filho Azarias participou da reorganização do judaísmo no tempo do Rei Ezequias (2Cr31,10), e Esdras seu descendente, participou da reconstrução do templo e do culto após o exílio (Es7,1). Os saduceus não aceitavam os ensinamentos dos fariseus sobre a ressurreição dos mortos. No tempo de Jesus surgiu um movimento popular que se chamou gnose que Interpretava os ensinamentos de Jesus na forma ocultista (esotérica). Estes ensinamentos hoje são apócrifos. Encontramos conceitos gnósticos nos evangelhos, tal como: anjo, diabo, demônio, Javé era anjo, reis magos, Jesus filho de virgem, Espírito Santo em forma de pomba, Logos, luz e trevas, transfiguração e ascensão de Jesus. No apocalipse os animais exóticos, serpentes e dragões inteligentes, brigas no céu, queda dos anjos. Uso da linguagem dos pagãos para lhes falar de Jesus. Hoje os ensinamentos ocultos estão disseminados na igreja ‘meio’ religiosa, a igreja morna do Apocalipse. Durante o estudo bíblico deve se entender a Bíblia no sistema monoteísta (sem se esquecer de que Deus é soberano e único). Precisa-se estar atento para não divulgar doutrinas politeístas no meio cristão, e se possível evitá-las.
       Por exemplo:
       O gnóstico dizia que Deus criou o homem perfeito à sua imagem e semelhança, mas a perfeição era inerte e imutável, e o homem não podia evoluir. Ele só tinha o corpo imortal, porque a alma sem vontade era morta. O anjo Satã representava a sabedoria e sua luz, abriu os olhos do homem, dando-lhe o fruto da árvore do conhecimento, e a imortalidade da alma. Assim Satã se tornou o pai espiritual e salvador do homem. Observe que a história mudou desde a Babilônia até os gnósticos (500 anos), e que há muitas correntes esotéricas conflitantes.
       Criticando os gnósticos. A Bíblia diz que o homem foi criado perfeito, e a perfeição não necessita de mudanças, pois já é perfeita. O homem perfeito não teria desejos do mal, mas desejos das virtudes, de saborear os frutos do Espírito (da árvore da vida), que são: caridade, alegria, paciência, paz, bondade, fidelidade, afabilidade, temperança. A prova de que Adão tinha vontade, é que ele poderia escolher comer qualquer fruto, mas ele preferiu desobedecer, e comer o fruto proibido. Os gnósticos diziam que a sabedoria de Satã era divina, mas ela é sabedoria terrena, aquela que procura se satisfazer.
       Pelos anos 150, os cristãos autênticos juntaram os livros escritos sob supervisão dos apóstolos e fizeram a Bíblia. Desprezaram os livros gnósticos, pois os consideravam apócrifos. Mais tarde parte destes ensinamentos foi introduzida na tradição católica pelos pais da igreja. Que fique bem claro, introduzida na crença católica, não na Bíblia.
       Por exemplo: na tradução da Bíblia do grego para o Latim (ano 385), Satã passou a ser chamado Lúcifer, o anjo caído dos gnósticos. A palavra Lúcifer significa portador da luz, da imortalidade espiritual (imortalidade da alma), iluminação intelectual, liberdade de pensamento e livre arbítrio, que são as verdadeiras causas do pecado do homem. Os gnósticos diziam que a serpente abriu os olhos de Eva com um raio de luz de sabedoria, então a serpente foi chamada Lúcifer (portador da luz).
       Hoje há muitas heresias. Entre elas destaco: expulsão de demônios (que é apologia a eles), curas e milagres (que são mágicas), a prosperidade (o deus mamom), teologia da libertação (que é ideologia).

Eis alguns ensinamentos gnósticos e pagãos absorvidos pela igreja:
1- A sabedoria divina gera o Logos divino. Em oposição, a sabedoria do mundo gera o logos terreno. Hoje temos Deus (Javé?) e Satanás seu inimigo.
2- O homem passa pelos estágios ser divino, anjo, homem-anjo e enfim homem. Hoje temos o culto aos anjos.
3- O homem-anjo era hermafrodita (Adão Cadmon). Separou-se em homem (Adão) e mulher (Eva). , Foi a queda do homem que deixou de ser anjo. O ato sexual foi considerado o pecado original.
4- O homem no estado de ‘fogo’, se purifica, deixa de ser mau e passa a ser bom. Daí a origem do purgatório.
5- O homem ‘evolui’. Começa como espírito puro, vai perdendo a pureza, e descendo a ronda espiritual de encarnações até se tornar anjo e depois homem. Quando o homem morre começa a processo inverso subindo até a perfeição. Para isso ocorrer a alma precisa ser imortal.

Comentário 2:
Os três caminhos.
       O homem pode analisar as coisas nos planos horizontal ou vertical. Os dois caminhos. O plano horizontal é o chão, e não se eleva; é o mundo real, a realidade que muda a todo instante, a ilusão. Nele está o homem realista, que percebe tudo de forma dual (corpo e espírito, amor e ódio, vida e morte, céu e inferno, bem e mal). Mas a realidade incapacita de entender a verdade. O plano vertical eleva do chão ao alto onde está a verdade eterna e imutável. A verdade é que só há um único ser poderoso que é Deus, e Ele é Bem.
       Os dois caminhos estão disponíveis para todos. Um é o do bem ou da verdade, outro é do mal ou da realidade. Um é objeto (substância), e o outro é imagem (falso). Um é estreito, e só passa um por vez, aquele que decide mudar suas atitudes (converte-se). Abandona as aparências, a ilusão e sua vontade, e procura a vontade de Deus. O outro é largo, serve de passagem para muitos que caminham iludidos pelas aparências, por sua vontade, e ignoram a vontade de Deus. O homem natural segue o caminho largo e agitado. O homem é livre, e pode escolher o bem ou o mal, pode se desviar (converter) para o caminho estreito. De fato ele só pode optar pelo bem, pois o natural já é o mal.
       No plano horizontal ou realidade, o mal é o oposto do bem. O bem do plano horizontal é o bem do mundo, da realidade, que não é o bem verdadeiro. Então existem dois bens: o verdadeiro e o falso, portanto, três caminhos, que são: o mal, o bem falso que também é mal, e o bem verdadeiro. O bem verdadeiro só existe no plano vertical, que é a verdade, e nele não há mal. Deus possui a verdade, então quando se coloca o mal em oposição a Deus está se exaltando o mal (tirando-o do plano horizontal), e fazendo-o um deus. Isto é uma heresia, pois Deus é único, sem igual, e não há dois deuses.


Comentário 3:
O erro do dualismo.
       O dualismo é o pensamento típico do homem, que só admite o bem e o mal, e isto faz existir dois deuses. O monoteísmo admite uma terceira opção que é o perdão, que transforma o mal em bem, porque só o bem é substância. O homem natural não aceita perder, mas o homem transformado (monoteísta) admite o acordo, a derrota e o perdão, o que resulta em boas relações com todos e salvação nos conflitos. O bem e o mal lutam dentro de cada um, e precisa-se aprender a perdoar para adquirir a salvação. Todo conflito tem um juiz, um campo neutro, e a pessoa que adquire a salvação passa a ser este juiz de conflitos, e estará em campo neutro. Cada tipo de conflito seja material (financeiro, trabalho, família, relações sociais), ou espiritual (equilíbrio, sobriedade, segurança, maturidade) exige uma salvação própria, que leva às virtudes, em especial à humildade e à simplicidade.

Comentário 4:
       Toda esta confusão de ensinamentos se resume numa só causa: Deus fez o homem perfeito com inteligência máxima (toda no bem, nada de mal), mas ele provou o fruto do conhecimento desconhecido ‘o mal’, e se contaminou. Daí o mal se espalhou, e contaminou todo seu comportamento. Cada virtude o homem transformou num vício. Vive o dualismo, do mal que tem e do bem que não alcança. Assim vê o mundo, e acha que é certo. Mas o que a Bíblia ensina é que o homem deve renunciar às suas ideias para purificar seu pensamento, e passar a ver o mundo com olhar único, em um único Deus, que tudo fez, e tudo governa com justiça e bondade.


DEMÔNIO, DIABO, SATANÁS, LÚCIFER, TENTAÇÃO.

Síntese: Demônio e satanás significam: enganador e mentiroso, ou seja: milagreiro, curador, mágico, gênio e pecador.

Comentário 1:
Definições.

a- DEMÔNIO. Antigamente se acreditava que cada pessoa tinha um anjo pessoal que atendia seus pedidos bons ou maus. Para os gregos era um demônio, como um anjo. Para os mesopotâmicos, um gênio, como o da lâmpada do Aladim. Na Idade Média a tradição católica transformou o lado bom do antigo demônio em anjo da guarda, e o lado mal continuou como demônio.

b- DEMÔNIO é grego, DIABO é latim, SATANÁS é hebraico - Significam mentiroso, opositor, caluniador, acusador, enganador. O Salmo 109 diz: ‘Suscitai contra ele um ímpio, levanta-se à sua direita um acusador’. Pode-se perceber claramente o sentido de acusador neste salmo, pois naquele tempo, perante o juiz compareciam o réu, o acusador e o defensor (paráclito). Mais tarde, na Bíblia o acusador foi personalizado como satanás, e o defensor como o Espírito Santo.

c- LÚCIFER significa brilhante, portador da luz ou também estrela da manhã. Há um ensinamento apócrifo do anjo desobediente que fez uma rebelião no céu. Foi deposto de suas funções, lançado na terra, e com ele veio o pecado. E o anjo passou a ser o demônio. Mas esta estória não está na Bíblia. Encontramos respingos dela em Gênese (Gn6), e em Apocalipse (12,7). Este último fala da queda dos anjos, no tempo do nascimento de Jesus, e não na criação do homem, como diz o mito. Também há respingos nas cartas Jd6 e 2Pd2,4, em Is14,12 e Ez28.11, que foi o apelido dado aos reis da Babilônia e de Tiro, por causa de sua tirania contra os hebreus. O titulo estrela da manhã (Lúcifer) também é dado a Jesus em Ap2,28 e Ap22,16.

d- TENTADOR, é a personalização da tentação, da vontade do homem, da concupiscência (perda da graça). Ele faz o homem se iludir, se enganar, pecar, conforme diz na carta Tiago (Tg1,14): ‘Cada um é tentado pela sua própria concupiscência, que o atrai e alicia. A concupiscência depois de conceber, dá à luz o pecado, que uma vez consumado, gera a morte’. Após o batismo Jesus foi tentado, mas não deixou se enganar por sua vontade, e não perdeu a graça. Venceu sua vontade, tirou-a de sua vida, e no lugar dela ficou a ‘vontade de Deus’, o Espírito Santo. O homem vencerá sua vontade se resisti-la por três vezes como fez Jesus. Quero lembrar que não há vontade boa no homem, ele pode achar que é boa (porque todo mundo se acha bom), mas não é.

Comentário 2:
A Bíblia ensina.
       A palavra satã ou satanás só aparece no AT depois que os judeus viveram na Babilônia. Na citação de 2Sm24,1 escrita antes do cativeiro, e 1Cr21,1 escrita durante o cativeiro, ‘a cólera de Javé’ passou a ser ‘Satã’.
       O livro de Henoc, apócrifo escrito no cativeiro, detalha a corrupção do homem de Gn6. Explica que Deus criou o homem bom, mas alguns anjos quiseram deixar de ser anjos, se casaram com mulheres humanas, e ensinaram seus filhos a pecar. Estes anjos seriam os responsáveis pela introdução do pecado no mundo. Eles são os anjos caídos, cujo chefe era Javé, um anjo mau (depois chamado Satã depois Lúcifer). Foi por causa da influência Babilônica que os judeus dividiram Javé, e passaram a chamar a bondade de Javé de Senhor, e a justiça de Javé de Satã. Com o tempo Satã passou a ser Satanás, e nos tempos de Roma, Lúcifer. O satanismo gnóstico diz que os anjos caídos foram bons para os homens, pois lhes ensinou a ver o mundo com olhar crítico, e se tornaram sábios (para o mundo). A serpente no paraíso trouxe a luz para Adão (daí o nome Lúcifer), e o libertou do paraíso, pois a perfeição era morta e sem vontade. Diziam que Javé era Satã, e quem adorava Javé, de fato, adorava Satã.
       Esta interpretação de Henoc é falsa, porque na Bíblia, depois do pecado houve o dilúvio, e acabou a corrupção dos anjos e seus descendentes, só a família de Noé foi salva, mas o pecado de Adão continuou no homem.
       O sentido da palavra demônio na época de Jesus, não era o mesmo da atual. Veja. Jesus fazia milagres, curas e expulsava demônios. Por que demônios no plural? Porque não existe um ser ‘demônio’ como se ensina hoje, e demônios são os pecados que pesam na consciência, e se voltam contra a pessoa, seus demônios (no conceito grego). Por isso Jesus expulsava demônios, ou perdoava os pecados ou curava, o que significa a mesma coisa.
       Há muitos demônios ou formas de se enganar, iludir, errar, pecar, seguindo a vontade própria (o demônio grego), e só há uma forma de acertar, que é fazer a vontade de Deus.
       O melhor texto bíblico sobre demônio ou satanás está em Rm7,7, que diz:
‘Que diremos, então? Que a lei é pecado? De modo algum. Mas eu não conheci o pecado senão pela lei. Porque não teria ideia da concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás. Foi o pecado, portanto, que, aproveitando da ocasião que lhe foi dada pelo preceito excitou em mim todas as concupiscências; porque, sem a lei o pecado estava morto’.
No verso11. ‘O pecado, aproveitando-se da ocasião do mandamento, seduziu-me, e por ele me levou à morte’.
No verso 15. ‘Não entendo absolutamente o que faço, pois não faço o que quero; faço o que aborreço. E se faço o que não quero, reconheço que a lei é boa. Mas então não sou eu que faço, mas o pecado que em mim habita. Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita o bem, porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de efetuá-lo. Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que em mim habita. Encontro em mim esta lei: quando quero fazer o bem, o que se me depara é o mal. Deleito-me na lei de Deus, no íntimo do meu ser. Sinto, porém, nos meus membros outra lei, que luta contra a lei do meu espírito e me prende à lei do pecado, que está em meus membros’.
Em Rm3,9 temos a definição do que é o pecado.
‘Pois já demonstramos que judeus e gregos estão sob o domínio do pecado, como está escrito: Não há nenhum justo, não há sequer um. Não há um só que tenha inteligência, um só que busque a Deus. Extraviaram-se todos e todos se perverteram. Não há quem faça o bem, não há sequer um’.
       O homem (através da igreja) não quer esta teologia, porque se acha bom. Coloca a culpa no demônio pagão, mas culpa-lo por nossos erros é heresia, porque faz o demônio ser o salvador, e não Jesus. Jesus assumiu nossos erros, e não os erros do demônio.

Comentário 3:
O demônio hoje.
       Hoje podemos dizer que o demônio é o stress, a ansiedade, que domina o homem atual. Sua agitação é grande. A pressa e vontade de fazer as coisas geram ansiedade e stress, as quais bloqueiam o raciocínio e a razão. Agitação, ansiedade e emoção fazem o homem agir por impulso, e quando ele se acalma é que percebe o erro que cometeu.
       Mas assim é a vida. Quando eu era criança, no dia de prova no colégio, eu parecia tranquilo, mas fazia a prova rapidamente, e logo a entregava ao professor. No pátio eu relaxava então me lembrava dos erros que cometi. Mais tarde, continuei a fazer provas rápidas, mas conferia as respostas para depois entregá-la. Na antiguidade tanto o sol, quanto a chuva davam stress, porque o sol matava a plantação, e teriam fome. Com a chuva tinha a colheita, que atraía os ladrões. Não tinha saída!
       Então o homem deve sair do instinto, do emocional, e se acalmar para seguir o racional. Seguir o que é inteligente e melhor para a comunidade, isto é sabedoria. Deve tirar sua vontade e seu desejo do foco, e procurar concentrar-se em Deus para saber qual é a vontade dele. Dar tempo para as ‘demoras’ de Deus, pois elas são úteis e cheias de razão.
       Finalmente, achar que demônio é um ‘ser’, uma pessoa, um espírito único, um deus, é um erro. Por isso temos as heresias atuais. O demônio não existe, o que existe é o egoísmo, a vontade, o desejo e o stress do homem, que pode ser chamado de demônio.

Comentário 4:
Jesus, os magos e Salomão.
       Logo que Jesus nasceu, recebeu a visita dos três magos, que lhe deram presentes dos seus tesouros (Mt2). Quando adulto Jesus foi se batizar no Rio Jordão (Mt3,13), e dali foi para o deserto onde foi tentado três vezes pelo demônio (Mt4).
       O que isto significa?
       Os magos eram sábios em magia. Foram visitar Jesus, pois sabiam que ele era especial. Os magos representam o mundo, o paganismo, a tradição, o secularismo. Os presentes representam as ofertas do mundo. Os pais de Jesus aceitaram os presentes do mundo, e estes se tornaram pecados para Jesus. O pecado dos costumes e tradições do mundo vindo pelos pais. No momento certo Jesus foi batizado, e foi testado nestes mesmos pecados. O ouro representa a riqueza e a tentação de transformar pedra em pão. O incenso, a glória do mundo, e a tentação de ter todos os reinos do mundo. A mirra, o poder do mundo, e a tentação de se lançar no abismo e não morrer, porque seria acolhido pelos anjos. Da primeira vez seus pais receberam os pecados em forma de presentes, o que significa que Jesus recebeu o pecado pelos seus pais, mas no deserto ele não os aceitou, e se desligou deles.
       Caso parecido ocorreu com Salomão (1Rs3,4), que pediu a Deus um coração sábio, capaz de discernir entre o bem e o mal para julgar o povo. Deus gostou do pedido e lhe disse: ‘não me pediu longa vida, nem riqueza, nem a morte dos inimigos, mas pediu a inteligência para praticar a justiça. Por isso te darei um coração sábio e inteligente, e mais a riqueza, a glória e longa vida, que não me pediu’. Este texto é para mostrar que a palavra demônio significava o mal e o pecado, e não uma pessoa. Nos evangelhos, na maioria das vezes, Jesus expulsava ‘demônios’ (no plural), porque o que Jesus fazia era exorcizar a pessoas de seus pecados e de sua maldade, nada externo a ela, ao contrário, algo pertencente a ela lhe era tirado (sua vontade).


INFERNO

Síntese:
1- O inferno não existe porque não foi criado por Deus.
2- O fogo eterno que queima, mas não consome, é a vontade.

Comentário:
       Nos dias de criação Deus não criou o inferno, então ele não pode existir, pois não foi criado. A Bíblia fala de inferno se referindo a um lugar de sofrimento, o que significa que quem escolhe viver para o mundo, terá uma vida infernal. Por isso dizem: Minha vida é um inferno! Estou vivendo num inferno! Minha sogra me inferniza!
       O fogo é o símbolo do inferno, e se refere à vontade do homem. O desejo incomoda o homem até que ele o realiza, mas não satisfaz, e volta a incomodar. Quando está longe deseja ardentemente, e quando está perto despreza. Quando não tem quer, e quando alcança não quer mais. Porque o fruto proibido é mais saboroso. Mas este ciclo de desejo, realização e insatisfação, causa um sofrimento ‘infernal’, depressão, falta de sossego e falta de paz. É um fogo que não ilumina, mas traz sombras. É um fogo que queima, e não consome. Mas a pessoa pode se livrar dele se resisti-lo por três vezes seguidas, como Jesus fez.
       Na Bíblia, o fogo também é o símbolo do Espírito de Deus, que incomoda para o bem, consola, satisfaz, traz luz, compreensão, alegria e paz.


CONCLUSÃO

Síntese:
Se você quer deixar o mal, assuma-se mau (pecador).

Comentário:
          Se após sua caminhada estudando e praticando os ensinamentos é chegada a hora de vencer o mal, a hora do seu Armagedom, sua batalha final.
O primeiro passo é assumir-se pecador, mau. Jesus disse que só Deus é bom, então nada de se achar bonzinho, nem culpar o demônio pelos seus erros, pois o culpado de seus erros é você, que aceita as influências do mundo, da mídia, da moda, quer ser rico, bonito, o mais forte, o melhor no que diz a mídia, e se endeusa de vaidade. Tudo que o homem faz na Terra é vaidade, é mal, inclusive servir na igreja, prestar serviço aos necessitados, porque faz interessado em ir para o céu depois da morte. O amor é fazer as coisas sem interesse. Na vida pública de Jesus, ele ia ao templo e à sinagoga para ensinar aos religiosos da época. O serviço a Deus (a oração) ele fazia no campo, e nos manda fazer no quarto de dormir. Ele só curava (ou perdoava pecados, ou expulsava demônios) daqueles que o procurava. Ele não ia ao retiro dos leprosos, nem nas fontes milagrosas para curar os doentes, e eles eram muitos. Como diz a Bíblia, Elias curou Naamã, um pagão, enquanto havia muitos israelitas leprosos. O serviço na igreja e aos necessitados serve para quem precisa crescer, mas para muitos chegou a hora de acabar com o mal em si e viver em espírito como Jesus vivia.




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